Responda rápido e de maneira franca: você se sentiria valorizado no seu trabalho se recebesse R$ 60 de “aumento”? Possivelmente não. Mas, esse é o valor que os representantes patronais querem oferecer aos jornalistas como reposição salarial. Levando em conta que a proposta equivale a 2%, ou seja, está longe até mesmo de cobrir a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 9,83%, fica a pergunta: até quando a profissão será desvalorizada pelos donos dos veículos de comunicação?
Em reunião realizada quinta-feira passada (2), na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR), filiado à CUT, o lado patronal novamente encarou os jornalistas não como um meio para manter seu negócio, e sim como uma despesa, um gasto, um fardo a ser suportado. Os empresários alegam que, para sair do índice absurdo de 0% e chegar a 2%, teriam que fazer “loucuras”.
Oras, se para quem detém o poder do capital está difícil, imaginem para a categoria, que além das dificuldades profissionais encaradas no dia a dia teria, no final do mês, que ver seu salário defasado, enquanto as contas (luz, água, prestação, aluguel, supermercado, entre outras) subiram muito mais que 2%.
O diretor-presidente do SindijorPR, Gustavo Vidal, não escondeu o descontentamento. “Gostaria que eles (patrões) avaliassem esse valor, que resulta, em um ano, em R$ 780 de acréscimo no salário, e se aceitariam isso. Só estão pensando no negócio. Nós estamos pensando na vida, em como o jornalista vai se sustentar ou sustentar uma família com esse reajuste, que passa longe de cobrir a inflação do período”, afirma.
Vidal reclama ainda que a situação é delicada para todos, não apenas para as empresas, como se chegou a insinuar. “Os patrões só avaliam o custo e tentam impor isso à mesa. Mas, pergunto: como o jornalista irá trabalhar desta forma, sem que haja o mínimo de valorização?”. Ele destaca que, ao não repor os 9,83% aos trabalhadores, as empresas irão impor perdas. “2% é redução de salário. Se em 2017 a inflação fechar em 10%, os jornalistas irão acumular 17,83% de perdas, considerando o índice que deixaram de receber neste ano”, completa.
Com exceção de alterações textuais pontuais e da mudança de período para estudantes estagiarem, os sindicatos patronais também ignoraram o restante das reivindicações dos trabalhadores. Ou seja, qualquer avanço que garanta direito aos jornalistas foi negado.
CONVOCAÇÃO
Nesta segunda-feira (6), a partir das 20h, em segunda chamada, o SindijorPR convoca os jornalistas a participar da Assembleia Geral Extraordinária. Além de debater os 2% propostos pelos patrões, o Sindicato quer discutir medidas a serem tomadas no futuro para avançar na pauta da categoria
Autor:Flávio Augusto Laginski
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